sábado, 8 de setembro de 2012










Universidade do Estado da Bahia-UNEB
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias- DCHT
Disciplina – Literatura e Cultura Afro-brasileira
Docente - Marielson
Discente – Samai de Azevêdo Pereira
4º Semestre de Letras



No balanço malicioso do lundu,
artigo da Revista de História da Biblioteca Nacional – ano 1/nº08/ fevereiro e março de 2006



O lundu foi um dos gêneros musicais mais importantes
do século XVIII e XIX no Brasil. Tal música era usualmente acompanhada por viola de arame, a ancestral da atual viola caipira. O gênero influenciou o samba abordando com humor e graça um tema tabu: jogos de sedução entre o negro escravo e suas sinhazinhas.



    O texto fala sobre as primeiras criações de versos, geralmente abordando temas polêmicos como o possível relacionamento entre o escravo e sua senhora. O discurso amoroso suaviza a violência da escravidão, transformando o maltratado em cúmplice do próprio algoz. O negro provoca, insinua-se e faz seu jogo de sedução.
    O lundu teve início no século XVIII quando passou a fazer sucesso tanto no Brasil como em Portugal, eram as modinhas. O termo surgiu no século XIX e tem sua origem em calundu, dança ritual africana e está relacionada ao batuque dos negros. Ela é compreendida inicialmente como dança: umbigada africana e o fandango europeu. Logo, deu origem ao lundu-canção.
    De acordo com Tereza de Almeida, a diferenciação do gênero em nosso país se deu por designar canções com características definidas e reconhecidas por compositores, editores e públicos.
    Gênero de longa história, teve a sua primeira música gravada em 1902, o lundu Isto é bom de Xisto Bahia (1841-94), interpretado pelo cantor Baiano (1870-1944). Alguns lundus deixavam explícita a fragilidade feminina da senhora de forma a inverter na relação de poder. É o desejo do negro que se sobrepõe ao de sua sinhá. O negro explicita a rejeição de sua dona, mas ao mesmo tempo se sente atraído por essa rejeição deixando claro, nos versos, que esses fatos fazem parte do jogo de sedução. É nos lundus que essas ambivalências amorosas, violência e sedução se tornam cúmplices e indissociáveis.
    Segundo o pesquisador Géhard Behágue há uma coletânea As modinhas do Brasil, pertencentes ao acervo da Biblioteca da Ajuda, de Lisboa conhecida somente em 1968.
    O lundu conseguira ser conhecida e considerada atração humorística, executada ao violão também por palhaços de circo.
    Em meados do século XIX, o lundu já era considerado importante no teatro de revista e gênero dramático, a malícia e sensualidade do gênero uniam-se ao ritmo sincopado, originário da cultura africana.
    Ao longo dos anos, o gênero passou por transformações significativas em relação às temáticas abordando diversos temas de forma humorística.


Tereza Virgínia de Almeida, doutora em Letras pela PUC-RJ, com estágio de pós-doutorado em Literatura comparada pela Universidade de Stanford (EUA), e professora de Literatura Brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).






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