sábado, 8 de setembro de 2012

Os sertões. Cunha, Euclides da; introdução de Ricardo Oiticica. – 10ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2008.

APRESENTAÇÃO DA OBRA
Uma narrativa moderna, pré-modernista clássica em que o papel do público é observar atentamente o relato de guerra entre jagunços de Antônio Conselheiro e as forças da recém-proclamada Republica que pretextava o monarquismo do arraial de Canudos com o intuito de despejá-lo de lá juntamente com os seus fieis.
O narrador cheio de estilo literário e sinceridade não consegue agradar a todos principalmente de julgarem os fatos relatados na obra como ofensa aos moradores da área. Onde o texto denigre a imagem do sertanejo bem como a sua cultura.

RESUMO DA OBRA
A obra está dividida em três partes:
     A terra
       O homem
  A luta


A TERRA – De um ponto de vista privilegiado, elevado, o narrador inicia uma série de descrições que, como foi dito, se aproximam de uma tese científica. Passando seu olhar arguto por análises biológicas, climáticas e geográficas, ele descobre o espaço do sertão. Começa pelo planalto central e chega até o norte da Bahia, no arraial de Canudos.

        
Euclides descreveu o sertão baiano em A Terra. Iniciou explicando o relevo do Planalto Central brasileiro. Depois descreveu a paisagem sertaneja: seca, dias quentes e noites frias, cheia de árvores sem folhas e espinhentas.
O HOMEM – Partindo de uma análise da gênese antropológica das raças formadoras do homem brasileiro, o narrador decreta a impossibilidade de unidade racial, ou seja, no Brasil seria impossível termos uma raça homogênea.
Porém, devido ao isolamento dos paulistas desbravadores que se tornaram vaqueiros do São Francisco, pode-se dizer que se criou nesse povo certa homogeneidade.
O narrador discorre, também, sobre as tradições sertanejas dos vaqueiros, descrevendo com minúcias seu modo de vida, caracterizou os sertanejos e contou a história de Antônio Conselheiro, líder do arraial de Canudos. Euclides destacou as diferenças do sertanejo e dos litorâneos, concluindo que os sertanejos estão isolados da civilização e, portanto, privados de seus bens culturais e materiais.
A LUTA – O conflito de Canudos surgiu de uma pequena desavença local. Antônio Conselheiro havia encomendado e pago um lote de madeiras para a construção de uma igreja no arraial de Canudos. Como o lote não foi entregue, houve uma ameaça de ataque à cidade de Juazeiro. O juiz da região pediu ajuda ao governador da Bahia, que, não conseguindo resolver a situação, solicitou a presença das tropas federais. Antônio Conselheiro também era acusado de sonegar  impostos e de ser antirrepublicano, por manifestar-se contra a dissociação entre Estado e Igreja no casamento – medida surgida com o advento da República.
Esses foram os argumentos oficiais do governo brasileiro para o ataque ao arraial de Canudos.
Este trecho de
Euclides da Cunha descreve a situação no final dos combates:
Muitos sertanejos seguiam Conselheiro em sua peregrinação. Mas a situação agravou-se quando o líder religioso instalou-se na antiga fazenda de Canudos. As pessoas vinham de toda parte. O arraial, segundo as autoridades, era um abrigo de criminosos. Amontoavam-se jagunços suficientes para compor um batalhão, homens cruéis e destemidos.
O governo do Estado da Bahia resolveu organizar uma expedição para desbaratar o arraial de Canudos. A primeira expedição, liderada pelo Ten. Pires Ferreira, foi enviada em novembro de 1896. Dispostos estrategicamente, mais preparados e com mais noção do território e de seus ardis, os jagunços saíram vencedores. A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, foi atacada de surpresa e vencida.
Com grande respaldo popular, a terceira expedição, Expedição Moreira César, partiu de Monte Santo em fevereiro de 1897 e em março invadiu Canudos. O Cel. Moreira César morreu e a expedição fracassou. Os soldados debandaram nas caatingas.
A fuga dos soldados restrugiu-se no país inteiro. A vitória dos jagunços foi considerada um ultraje para a República. Era uma ameaça de restauração da Monarquia. (os sertanejos nem entendiam as reformas republicanas: casamento civil, cobrança de impostos e separação entre Igreja e Estado).
Batalhões de todos os Estados foram mobilizados para destruir Canudos. O Gen. Artur Oscar liderava-os. Com a ajuda do Tenente-Coronel Siqueira de Meneses, comandante astucioso, os soldados combateram e venceram, apesar da repetição dos mesmos erros das expedições anteriores.
A vitória das forças do governo, conseguida após sucessivos reforços, consolidou-se quando compôs-se a Trincheira Sete de Setembro. Canudos estava cercada, mas resistiu com fome e sede até 5 de outubro. Os prisioneiros foram degolados.

CONCLUSÃO Estruturado em três partes, Os Sertões, de Euclides da Cunha, é a primeira obra significativa que se contrapõe à visão ufanista e ingênua do país. Além do valor literário, tem o grande mérito de retratar a comunidade de Canudos, que foi liderada por Antônio Conselheiro.

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