Obra de Oswald de Andrade
De acordo com Harold de Campos, o escritor Oswaldo de Andrade ficou conhecido como aquele escreve o que outros julgavam radical para o século XX, diz-se que sua poesia responde a uma poética da radicalidade. Em meio às suas viagens pelo mundo afora, descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta à pátria proporcionou-lhe a revelação surpreendente de que o Brasil existia. Esse fato abriu seus olhos à visão radiosa de um mundo novo, inexplorado e misterioso. Estava criada a poesia "pau-brasil”.
Em suas obras, escrevia considerando a cultura nacional, entretanto o poeta não ignorava as influências oriundas de fora; essas deveriam ser utilizadas, de fato para romper com o que estava sendo produzido por aqui.
Em meio a tantas mudanças que ocorriam na sociedade, na produtividade, na economia provavelmente isto iria repercutir também na linguagem.
“É certo que, antes do pau-brasil, Mario de Andrade o outro grande nome do nosso modernismo, publicara já dois livro: Há uma gota de sangue em cada poema (1917) e Paulicéia desvairada (1922), livros que, sem dúvida tiveram grande importância histórica e iriam instigar poderosamente Oswald de Andrade.” (Haroldo de Campos, p.13).
É claro o anseio do autor pela escrita moderna e a busca por inspirações para uma linguagem direta, clara e sem a eloquência utilizada pela maioria dos literários da época.
Juntamente com outros escritores criou-se um movimento por uma nova linguagem onde expressar-se livremente seria um dos objetivos. Buscavam uma língua sem arcaísmo, sem erudição, natural e neológica. Queriam escrever da forma como se fala e da maneira que são. Todos contra a cópia, a luta pela invenção e pela surpresa.
Os versos de “Vício na fala” é um bom exemplo disso. O eu-lírico traz à baila, de maneira sintética, valendo-se duma linguagem simples (sem os adornos, por exemplo, da poesia parnasiana), um poema que aborda as relações sociais que permeavam e até hoje ainda permeiam o Brasil.
Desse modo, nos cinco versos, o poeta elenca a forma popular e culta de vocábulos da língua portuguesa. Por meio da supressão dos verbos, ele vai aos poucos aproximando esses dois registros da língua, que de fato, estão no dia a dia, convivendo um ao lado do outro. No terceiro verso, pior e pió estão colocados estrategicamente lado a lado. Em seguida, nos versos quatro e cinco, o poeta, valendo-se do verbo “dizer”, vai novamente afastando dos modos de pronunciar as palavras. E, no findar do poema, ele quebra com a série de anáforas, e fecha com “E vão fazendo telhados”, que remete à classe de trabalhadores que laboram nos serviços ligados à construção civil e que usam essa forma, fora das regras gramaticais do português. Afora isso, tem-se também nesse último verso a ideia da urbanização que já, nos novecentos, estava aos poucos consolidando-se.
O ufanismo, bastante usado na literatura é a tendência de exaltação lírica da natureza. A partir disto, percebe-se que vários momentos literários utilizam-se do ufanismo para incentivar o sentimento nacionalista brasileiro. O poeta modernista Oswald de Andrade, no século XX lançou mão deste recurso e escreveu o que sentia e expressava à sua maneira, a situação em que o país encontrava-se e aspectos futuristas.
Em seis versos ágeis, o poeta conseguiu falar das diferenças que se dão na língua portuguesa falada no Brasil, por meio de uso de vocábulos ignorados nos movimentos poéticos anteriores. Além disso, inseriu elementos do cotidiano em sua poesia e de maneira sucinta, soube mostrar as diferenças que se dão, pelo meio do idioma.
O poema A descoberta constitui uma paródia de A carta de Pero Vaz de Caminha. Pode-se comprovar lendo os versos:
“E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharos
Não tínhamos nenhuma vergonha.”(Oswald de Andrade, p. 80)
Este trecho, em especial, está relacionado à descrição dos povos Na Carta de Pero Vaz de Caminha quando ele relata sobre o corpo das índias. Os versos evidenciam as diferenças culturais e morais entre as duas culturas. Uma nova escrita relacionada à Carta, aspecto próprio do modernismo, onde inovar é uma das características do movimento.
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